Há dias, sabes, em que gostava de ser como o gato e que me tocasses sem desejar encontrar quaisquer sentimentos a não ser o que se exprime num espreguiçar muito lento - um vago agradecimento? - e que depois me deixasses deitado no sofá sem que nada pudesses levar da minha alma, pois nem saberias o que dela roubar.
Pedro Paixão, "Assinar a Pele", Antologia de Poesia Contemporânea Sobre Gatos; Ed. Assírio & Alvim
2 comentários:
Quem não gostava de, um dia, puder apreciar a vida sem que nos roubassem a alma.
Quem não gostava de receber um carinho, um afecto, algo sem que se esperasse algo em troca.
Porque infelizmente, vivemos num mundo com falta de sentimentos e altruísmo, em que nada se dá ou faz sem que se espere algo muito maior em troca. E quando sabemos que isso não virá, também não damos ou dizemos nada.
Até o "Gosto muito de ti" já custa a sair.
Tenho que concordar contigo. Parece estarmos a viver uma época em que é mais fácil insultar os outros do que dizer a quem queremos bem "Gosto muito de ti". Que raio de sociedade!
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