Hoje não choveu, mas movia-me como se estivesse num ambiente aquoso. Os gestos tinham a velocidade da câmara lenta e a resistência ao movimento era enorme. Só sentia uma estranha facilidade no sentido ascendente, como se fosse fácil flutuar, ali, no meio da rua. E, no entanto, a minha vontade era deixar-me ir, como um prego. Ancorei-me num banco do jardim e desfolhei os últimos dias. Havia, principalmente, algumas coisas que tinham ficado por dizer. Porque é que às vezes custa tanto dar o primeiro passo?Porque há um limite para a nossa capacidade de afastar os buracos do caminho? Ou era o meu orgulho a impedir-me de fazer o desvio necessário? De esquecer, mais uma vez, e seguir em frente? Há demasiados pontos de interrogação nesta passagem para parte incerta.
Aos meus ouvidos os Doors tocam "Strange days have found us/Strange days have tracked us down/They're goin' to destroy our casual joys/ We shall go on playing or find a new town/..."
Deixo-me ir ao sabor da música, das águas, dos ventos e dos buracos. A algum lado hei-de ir ter. Nalgum sítio encontrarei a nuvem indicadora ou a chuva que hoje não choveu. A resposta pode estar ao dobrar de qualquer gota de água. "Strange days have found us"!
Aos meus ouvidos os Doors tocam "Strange days have found us/Strange days have tracked us down/They're goin' to destroy our casual joys/ We shall go on playing or find a new town/..."
Deixo-me ir ao sabor da música, das águas, dos ventos e dos buracos. A algum lado hei-de ir ter. Nalgum sítio encontrarei a nuvem indicadora ou a chuva que hoje não choveu. A resposta pode estar ao dobrar de qualquer gota de água. "Strange days have found us"!