SEM PALAVRAS

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2006-08-14

FAÇO ANOS

É verdade, hoje é dia do meu aniversário. Não é que note alguma diferença em relação a ontem ou à semana passada, mas os anos vão passando e há coisas que se mudam. Em nós e à nossa volta. Será a quantidade de mudanças a medida exacta do tempo?

Até agora só houve um acréscimo inusitado de mensagens. Tirando a Isabel, ainda não recebi parabéns de viva voz. Será que já nem se usa o telefone para estas circunstâncias? Fico a aguardar pela primeira pessoa que me deseje felicidades e que eu possa sentir a entoação, o tom da voz, um mínimo de calor humano. Não é pedir muito no dia de anos, pois não?

2006-08-13

FINALMENTE, DOMINGO SEM ANGÚSTIAS

E hoje está mais fresco... Já dá para ouvir o Jorge Palma e ler o Jorge Luís Borges, entremeado pelo Expresso. É que ler o Borges de seguida é dia de calor tórrido. Eu tenho que digerir dois ou três textos, fazer uma pausa, longa, vaguear por uma leitura ligeira e retornar. E ainda tem os poemas. Lê este:

O Cúmplice

Crucificam-me e eu tenho de ser a cruz e os pregos.
Estendem-me a taça e eu tenho de ser a cicuta.
Enganam-me e eu tenho de ser a mentira.
Incendeiam-me e eu tenho de ser o inferno.
Tenho de louvar e de agradecer cada instante do tempo.
O meu alimento é todas as coisas.
O peso exacto do universo, a humilhação, o júbilo.
Tenho de justificar o que me fere.
Não importa a minha felicidade ou infelicidade.
Sou o poeta.