SEM PALAVRAS

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2009-04-04

REALIDADE VIRTUAL

Hoje passei o dia sozinho. Sabes que não é novidade e que me vou habituando. Arranjo (arranjei?) as minhas defesas. As habituais. Música, leitura, caminhadas, algum filme em DVD, café, conversa de café e computador. Qual é então a notícia? Estive a ver futebol na televisão de um café. A assistir ao jogo e aos comentários e até mandei as minhas bocas.

Sim, foi um desvio na maneira de passar o tempo. Só que me apercebi que não foi muito diferente de andar a navegar na net. Não senti como real aquele tempo. Foi uma continuação do virtual. Todas as manifestações tinham origem nas imagens que se viam na tv. Os comentários eram provocados pelo que se passava bem longe dali. Como se fosse um chat ao vivo cada um mandava a sua mensagem e provocava ou não reacções. Na internet é capaz de ser mais real. É que não estão condicionados por elementos exteriores e sim pelo que lhes apetece dizer. Em nenhum dos lados há contacto humano. Só que ali há menos possibilidades de encontrar alguém interessante. Real ou virtual.

O café e a chuva na cara é que ainda me prendem a este lado. E a música do John Coltrane enquanto caminho.

ALZHEIMER

Uma rapariga com quem me escrevo disse-me que a mãe sofria dessa doença. Ela tratava dela aos fins de semana. Não deve ser nada fácil para nenhuma delas, mas pensar que lhe apeteceria mais ir para a farra com os amigos a ter que ficar retida em casa, fez-me impressão. Deve estar na idade de se ir divertir, de fazer novos conhecimentos, experimentar meter um pé na vida. Em vez disso fica retida em casa a chamar mãe a quem não a reconhece. É injusto. Nós já sabemos que a vida não é justa, mas ela ainda está a aprender.

Mas se te falo disto foi porque me espantou uma frase que ela usou, a propósito do gosto de escrever e de tentar manter um diário. Vou tentar reproduzi-la de memória:
"Sim, porque pior que não sabermos quem somos deve ser não nos lembrarmos do que vivemos!"

2009-04-02

DOIS ANOS DEPOIS

Dois anos depois estou de volta. Tal como a bonsai que vai envelhecendo e mal se nota o seu crescimento, também a mim me parece que neste espaço de tempo, apesar de tudo o que aconteceu, acabo por me encontrar na mesma. Só que mais velho!

Mudei de casa. Apaixonei-me. Voltei a mudar de casa. Levei com os pés.
Depois de outras experiências não tão frustrantes, volto ao NAFAIXERRADA. Passei por sites diferentes, blogues com outros objectivos, mas este sempre foi o meu cantinho onde me poderia recolher/abrigar quando as coisas estivessem mal. E sinto-as mesmo mal.

Calma aí! Não estou desesperado! Sabes que ainda tenho muita música para ouvir (nunca a deixei), que ainda há caminhadas para dar, cafés para tomar, boas conversas para termos, mails para trocarmos. O estado de espírito pode não ser o melhor, mas estou vivo! E vou tirar prazer do que gosto.

E que tal esta bonsai? Simbólica e bela. Eu gostava de ter uma assim. Por agora fico com a foto.

DE VOLTA!