SEM PALAVRAS

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2007-02-18

Memória

Se queres vir apressa-te que eu tenho as horas à espera e os segundos marcados. Tenho o tempo à justa para os dias que me faltam apanhar.

Não te demores que já te desvaneces na foto que tenho de ti. Tirei-ta quando brincavas com os teus dedos, esquecida de como me magoava não te tocar.

Decide-te e encontramo-nos noutra mentira que me dará a coragem de te deixar. Mergulha no telefone e sai do outro lado da linha ao pé de mim. Deixa-te de hesitações. Vem como estiveres. Vem! Vem, que a minha memória precisa da tua imagem exacta para levar na bagagem definitiva.


Ainda bem que vieste, mas já não te reconheço. Os teus olhos eram castanhos da cor do teu cabelo. Os teus lábios vermelhos como as últimas cerejas que comi dos teus seios. Os teus ombros eram redondos e macios, as pernas longas e saborosas. O teu pescoço...


Porque demoraste tanto a vir ter comigo?