E hoje está mais fresco... Já dá para ouvir o Jorge Palma e ler o Jorge Luís Borges, entremeado pelo Expresso. É que ler o Borges de seguida é dia de calor tórrido. Eu tenho que digerir dois ou três textos, fazer uma pausa, longa, vaguear por uma leitura ligeira e retornar. E ainda tem os poemas. Lê este:
O Cúmplice
Crucificam-me e eu tenho de ser a cruz e os pregos.
Estendem-me a taça e eu tenho de ser a cicuta.
Enganam-me e eu tenho de ser a mentira.
Incendeiam-me e eu tenho de ser o inferno.
Tenho de louvar e de agradecer cada instante do tempo.
O meu alimento é todas as coisas.
O peso exacto do universo, a humilhação, o júbilo.
Tenho de justificar o que me fere.
Não importa a minha felicidade ou infelicidade.
Sou o poeta.
A secreta vida das imagens
Há 11 anos
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