CRISPO - ME
Oiço vejo e crispo-me
Dúvidas avassalam-me
Cristo surge e calam-me
Pois é tarde e visto-me
estou atrasado e perco-me
Quem não espero aparece-me
E onde não há vida salvam-me
Que mais querem – tomem-me
Não esperem trocarem-me
Que ninguém vai iludir-me
Vou de morto calado fingir-me
Não vá a vida a sério fugir-me
Crispo-me na incerteza dos dias
risco o meu futuro nas nuvens
misturas acesas noutras candeias
e perdidas todas as garantias
insisto na loucura dos meus bens
rendido escuto negras sereias
hoje sei o sabor das noites frias
4 comentários:
"Que ninguém vai iludir-me
Vou de morto calado fingir-me
Não vá a vida a sério fugir-me"
A crispação da sabedoria de se ser sobrevivente?
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Não te conhecia a veia poética para além do perfil no Domdiludir.
Este é um bom poema.
Bjs
A sabedoria é um fingimento para o conseguir.
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Gosto das tuas frases sintéticas, mas deixas-me aflito. O que está escrito devia explicar; se perguntas é porque não fui bem sucedido ou porque advinhas mais do que eu disse?
A veio poética é intermitente. Escrevo e ponho de lado. Só passados tempos volto a pegar e ver se se salva. Imagina que este "crispo-me" cheguei a perguntar a um amigo, que acho que escreve muito bem, se tinha sido ele a arranjar umas partes (às vezes utiliza o meu computador). Claro que fui gozado, sem respeito pela minha falta de confiança.
Também gosto deste.
Bjs.
ERRATA:
Onde se lê "A veio poética...", deve ler-se o que vos apetecer.
Não te afligas que isto não passa de mania: responder, às vezes, com perguntas.
Na maioria dos contextos penso o que digo em forma de pergunta e só a coloco para saber se a outra pessoa também pensa o mesmo, se entrei em sintonia.
(Havia até alguém, com quem falava muito, há uns anos, que se exasperava:" tu não me respondas às perguntas com outras perguntas!").
Penso que dissemos o mesmo por outras palavras: um fingimento para se conseguir sobreviver.
PS1: ainda bem que o teu amigo não lhe mexeu.
PS2: fartei-me de rir com a errata.
:)
Bjs
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