SEM PALAVRAS

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2006-10-17

CHOVEU A POTES

Hoje levei com bátegas de chuva pela cabeça abaixo, chapadas de água suja que os carros pelas bermas atiraram, as goteiras pareciam estar à espera que eu lhes surgisse pela frente para despejarem o que lá tinham, os beirais fizeram pontaria ao meu pescoço, o guarda-chuva recusou-se a lutar contra o vento, o café que bebi, a meio do caminho, estava mais frio que eu, se me abrigava de um lado da rua o vento mudava e fustigava-me, as ruas que atravessei pareciam rios e o local de trabalho pareceu-me um porto de abrigo.

Sequei a cabeça com aqueles papéis de limpar as mãos. Sacudi-me como os cães molhados costumam fazer e atirei-me ao trabalho. Inexplicavelmente feliz.

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