SEM PALAVRAS

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2006-12-14

Marylin Manson

Confesso que tive sorte. Entrou um grupo de alunos e eu tive que os atender (durante o período das 12,30 às 14,00 só está um funcionário a atender ao balcão). O facto de ter estado num hospital, quase dez anos, no atendimento ao público, nas marcações de consultas, deu-me uma experiência útil. Aprendi a ver os provocadores, a aperceber-me dos que iam causar confusões e a lidar com esses potenciais problemas, antecipando-os ou desarmando-os com uma brincadeira, uma observação agradável, um comentário pacificador ou qualquer outra forma de não deixar chegar a uma situação desagradável.

Ali, numa escola secundária, os problemas eram muito diferentes, mas o tipo de "desordeiros" mantinha o perfil. Um dos mais exaltados e candidato a líder, usava uns auscultadores com a música a tocar bem alta. Confesso que não sou grande apreciador dos Marylin Mason, mas confesso, também, que há uma música deles que gosto e da qual sei o nome.

Estavam, portanto, sete ou oito rapazes e raparigas, todos a falarem ao mesmo tempo, a exigirem-me respostas quando ainda não tinha entendido qualquer pergunta. O dos auscultadores era o que mais gritava e mais agressividade demonstrava. Isolei-o, olhando só para ele, como se não estivesse mais ninguém, e, quando os nossos olhares se cruzaram perguntei-lhe, alto e bom som, se estava a ouvir os Marylin Mason? Fez-se silêncio. Ele deu-se ao trabalho de desentupir um dos ouvidos. Senti que passaram a prever uma disputa mais acesa do que aquela com que iam a contar. O funcionário de serviço meter-se com um deles por estar a ouvir aquela banda, ia animar a malta!

Em tom de desafio, respondeu-me que sim!, porquê? há azar?. Disse-lhe que não, que era apenas porque aquela música, "Beautiful People", era uma das que mais gostava. Antes que fechassem a boca de espanto virei-me para uma das alunas e perguntei o que pretendiam.

Ela, que não era candidata a líder, ainda olhou à volta mas lá me explicou as reclamações que pretendiam resolver. O ambiente já era outro. Pude explicar que eles deviam nomear dois ou três e dirigirem-se ao Conselho Executivo com as reivindicações bem definidas e os assuntos ordenados. Agradeceram e foram-se embora.

À saída, o que ouvia a "minha" música, talvez já com dificuldades auditivas, disse alto para os colegas "Toparam o quota? O gajo conhece os M.M. e a música deles. "

Acho que devo agradecer aos Marylin Manson comprando o disco que me fez subir na cotação de meia dúzia de alunos e que fez serenar os ânimos, quando são, precisamente, acusados do contrário.

2 comentários:

Letras de Babel disse...

parece que estou a ver a cena...
:)


passei também aqui para os usuais votos de boas festas...

Anónimo disse...

Para ti também, montes de boas festas.
E que o novo ano seja tudo o que pretenderes.Será pedir demais? Acho que não e, já agora, que te traga de volta aos blogues.

Bjs.