SEM PALAVRAS

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2006-10-06

Hoje não choveu

Hoje não choveu, mas movia-me como se estivesse num ambiente aquoso. Os gestos tinham a velocidade da câmara lenta e a resistência ao movimento era enorme. Só sentia uma estranha facilidade no sentido ascendente, como se fosse fácil flutuar, ali, no meio da rua. E, no entanto, a minha vontade era deixar-me ir, como um prego. Ancorei-me num banco do jardim e desfolhei os últimos dias. Havia, principalmente, algumas coisas que tinham ficado por dizer. Porque é que às vezes custa tanto dar o primeiro passo?Porque há um limite para a nossa capacidade de afastar os buracos do caminho? Ou era o meu orgulho a impedir-me de fazer o desvio necessário? De esquecer, mais uma vez, e seguir em frente? Há demasiados pontos de interrogação nesta passagem para parte incerta.

Aos meus ouvidos os Doors tocam "Strange days have found us/Strange days have tracked us down/They're goin' to destroy our casual joys/ We shall go on playing or find a new town/..."

Deixo-me ir ao sabor da música, das águas, dos ventos e dos buracos. A algum lado hei-de ir ter. Nalgum sítio encontrarei a nuvem indicadora ou a chuva que hoje não choveu. A resposta pode estar ao dobrar de qualquer gota de água. "Strange days have found us"!

2 comentários:

Letras de Babel disse...

e por não ter chovido, e por não não se ter certezas a impedir o pensamento, e por se gostar dos doors, se consegue construir um bom post...

kimporta disse...

É fácil.Doors e chuva combinam sempre bem. O resto vem por acréscimo.